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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Inteligência Artificial é uma bolha

A Inteligência Artificial é uma bolha, porque a quantidade de dinheiro investida na tecnologia supera de longe os usos potenciais, pelo menos na próxima década.

A teoria é de Daron Acemoglu, um renomado professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para quem apenas 5% dos empregos podem ser substituídos, ou pelo menos fortemente auxiliados, pela IA na próxima década.

E substituir funcionários humanos por máquinas é no final das contas o business case da IA, por mais que as grandes empresas de tecnologia gostem de dourar a pílula.

"Muito dinheiro será desperdiçado", disse Acemoglu em entrevista para a Bloomberg. "Não haverá uma revolução econômica com esses 5%", agregou o autor.

Para o pesquisador do MIT, os grandes modelos de linguagem (LLMs) atuais, como o ChatGPT da OpenAI, apesar de impressionantes, tem "problemas de confiabilidade" e estão longe do nível de julgamento humano, o que deve tornar improvável a eliminação de muitos empregos de alta qualificação para a IA em breve.

A IA também não será capaz de automatizar o trabalho físico, como construção ou limpeza.

"São necessárias informações altamente confiáveis ou a capacidade desses modelos de implementar fielmente determinadas etapas que antes eram realizadas pelos trabalhadores", disse Acemoglu.

Na entrevista, Acemoglu desenha três cenários futuros de adoção de IA dentro das empresas.

No primeiro, mais benigno, o hype passa e alguns usos mais modestos da tecnologia se consolidam.

O pesquisador não fala quais usos seriam esses, mas eles provavelmente não estariam muito longe dos usos de AI generativa vistos hoje em dia no atendimento de clientes, ou na geraçao de blablablá para posts na Internet.

No segundo cenário, o frenesi aumenta por mais um ano ou mais, levando a uma queda das ações de tecnologia, o que poderia se definir como "o quadro do estouro da bolha".

O terceiro cenário é a febre seguir e as empresas começarem a demitir funcionários, confinantes que eles podem ser substituídos por investimentos milionários em IA, mesmo sem entender totalmente como isso vai acontecer na prática.

Depois, as empresas acabariam tendo que ir contratar todo mundo de novo, um processo que no meio tempo traria "resultados negativos generalizados para toda a economia".

Acemoglu acredita que uma combinação do segundo e do terceiro cenários é a mais provável, porque os gestores tem medo de perder o bonde da IA e as grandes empresas de tecnologia seguem aumentando a aposta.

Caso a hipótese de Acemoglu se confirme, as cifras que a IA tem movimentado devem fazer o estouro da bolha da Internet no começo dos anos 2000 parecer um petardinho de traca.

Jensen Huang, cofundador e CEO da Nvidia, a principal beneficiada até agora do hype do IA, projeta que a demanda pela tecnologia vá gerar um gasto de até US$ 1 trilhão para atualizar os equipamentos dos data centers nos próximos anos.

Somente Microsoft, Google, Amazon e Meta já investiram mais de US$ 50 bilhões no trimestre, sendo que grande parte desse valor foi destinado à IA.

Para fechar, a OpenAI acabou de anunciar que fechou sua tão esperada e especulada rodada de investimento, de US$ 6,6 bilhões por cerca de 4% da companhia, que passa estar avaliada em US$ 157 bilhões.

Essa foi a maior captação de todos os tempos no mundo, superando a rodada de US$ 6 bi do início do ano da xAI, a jogada de inteligência artificial capitaneada por Elon Musk.

Acemoglu se tornou conhecido fora da academia pelo best-seller Por Que As Nações Fracassam, escrito com James A. Robinson.

A principal tese do livro é que o desenvolvimento econômico e político depende das instituições inclusivas, que promovem a prosperidade, enquanto as instituições extrativas, que concentram poder e riqueza em poucas mãos, levam ao fracasso econômico e social, o que parece ter lá seus ecos no Vale do Silício atual.

Fonte: BAGUETE

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